segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Cidades: as formas e cores da sua identidade!

Caminhar pelas ruas de uma cidade pode nos oferecer experiências indescritíveis, como a possibilidade de deslumbrar das mais variadas cores e formas que ela pode nos oferecer. Como ocorre na pequena cidade japonesa de Kawazu, província de Shizuoka, na costa leste, onde cerejeiras florescem às margens do rio Kawazu, formando um corredor rosa que atrai turistas de todo país.

Corredor de cerejeiras (Cerasus sp) às margens do rio Kawazu, Japão.
Fonte: https://catracalivre.com.br/viagem-livre/cerejeiras-florescem-mais-cedo-em-cidade-do-japao-veja-fotos/
Ocorrendo na primavera daquele país, as árvores são responsáveis por provocar uma elevada visitação, incrementando a arrecadação com o turismo daquela cidade. As memórias ficam vivas nas lembranças dos visitantes e as cores definem àquela região.

Mas, as cores de uma cidade não se resumem à sua vegetação, nativa ou implantada. As cores e formas das construções são, muitas das vezes, as primeiras imagens vislumbradas por quem passa por lugares ao redor do mundo. Caminhar pelas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, nos introduz na história da colonização daquela cidade e as formas que surgem em seus prédios e equipamentos urbanos de época nos mergulham em estilos da arquitetura que vieram com os colonizadores. É o caso do Paço Imperial, com seu estilo Colonial; Ou a Central do Brasil e seu relógio majestoso, representante do estilo Art Decó; a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, que é testemunha de um massacre de moradores de rua num passado próximo, exibindo seu charme Neoclássico; ou, uma cada de várias artes, o Teatro Municipal, imponente representante do estilo eclético. Cores e formas que se misturam e se exibem numa beleza sem época, que rasga o tempo e atravessa gerações.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

CONFLITOS URBANOS


Quando lemos a expressão "CONFLITOS URBANOS" não é raro pensarmos na violência provocada pelas manifestações nos grandes centros das eras atuais; ainda, é comum associarmos à ausência do estado na segurança pública, que culmina com a violência desenfreada que acomete a população das cidades país afora. Sim, todos os exemplos formam condição de conflito. Quer por reivindicações; Quer pela relação vitima e vitimado. Mas existem outros conflitos que causam redução da qualidade de vida e não tomam o espaço ou a proporção que deveriam na opinião da população. Será sobre alguns que este texto irá tratar.

Um momento mais oportuno para este texto não há! Sobretudo na cidade do Rio de Janeiro, onde canteiros de obra fazem parte da paisagem urbana há tempos. Tapumes dividem espaço com maquinas e homens por toda a cidade, configurando um primeiro conflito: redução do espaço de circulação. Embora se conceitue que algumas mudanças requerem ações que podem gerar transtorno pontual necessário para o desenvolvimento, basta questionar a população usuária daquela parte que a insatisfação é logo identificada. Às vésperas das olimpíadas na cidade "maravilhosa" é cada vez mais frequente colher depoimentos desta natureza. Tudo em nome do progresso!

Mas, existem outros conflitos que ocorrem na cidade que contribuem para a diminuição da qualidade de vida do cidadão. Quem nunca precisou se esquivar de um obstáculo enquanto caminhava por uma ciclofaixa? Quem nunca precisou pular obstáculos nas calçadas? Pior, quem nunca precisou dividir espaço com os carros para passar de um ponto a outro na cidade, pelo simples fato de uma árvore ocupar todo o passeio? Quem nunca acompanhou a deterioração de um veículo abandonado sobre a calçada de algumas ruas em sua cidade? Enfim, seriam inúmeros os exemplos se quiséssemos listá-los. O texto, então, abordará um que a população corriqueiramente esbarra nos seus caminhos: as árvores nas calçadas. 

Plantar árvores nas calçadas é uma medida benéfica para o meio ambiente urbano! Elas aproximam o homem da natureza atraindo animais importantes para o equilíbrio ambiental e valorizando o espaço em seu entorno. O embelezamento da cena urbana é claro quando folhas exuberantes e flores coloridas cortam o cinza cru da maioria das construções. A amenização climática pela atenuação das temperaturas e redução da poluição atmosférica são contribuições diretas destes vegetais, mas a valorização imobiliária também já é percebida nas negociações de imóveis. De forma resumida, os benefícios pelo plantio de árvores nas calçadas das cidades são reais e escalares. Isso desde que devidamente plantadas nos locais adequados. E, local adequado aqui não é apenas o que possui espaço suficiente. É também o que permite pleno desenvolvimento das raízes; pleno desenvolvimento e projeção da copa; e, crescimento de tronco adequado. Precisa-se pensar que as árvores, seres vivos, possuem uma dinâmica de desenvolvimento em seu DNA, mas que pode ser adaptada às condições externas. Se essas forem adversas, a consequência é inesperada. É por isso que é comum o cidadão se deparar com calçadas tomadas por raízes que se levantam, rompendo pisos e levantando toda a sorte de materiais. Por isso, ainda, é comum o conflito entre galhos e redes de serviços elétricos e telefonia. Aqui cabe um parênteses: os custos de manutenção provocados por interrupção da transmissão de energia por incidentes com árvores é incalculável. Já há estudo que prova que a redes subterrâneas são mais eficientes e de manutenção mais barata, além de reduzir a condição de conflito com partes aéreas de vegetais. Enterrar só será solução definitiva se feita com critério, mapeando e considerando a ocupação do espaço por outros equipamentos urbanos e, ainda, pelas raízes dos vegetais na cidade. O GEOCONVIAS é um instrumento importante na gestão deste espaço!

Ficus sp. da Rua Faro, Rio de Janeiro. Fonte: google earth. 

A figueira da rua Faro, no bairro nobre do Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro, é um exemplo emblemático. Trata-se da primeira árvore a ser tombada por decreto pela município, reação às manifestações de ativistas moradores daquela região contra a sua derrubada para a construção de um prédio. O ato foi acatado pelo prefeito da época, Sr. Julio Coutinho, que decretou seu tombamento pelo instrumento de número 2.783/1980. Viçosa e longeva, a árvore exótica para a região é um exemplo claro de ocupação indevida da faixa pedonal. Suas raízes adventícias se lançaram dos galhos até o solo e fixaram novos indivíduos, avolumando seu tronco e tomando todo o espaço da calçada.

Cova para plantio aberta em calçada. Fonte: arquivo pessoal.
Não se deve ignorar o que há por baixo das árvores. Ainda usando o exemplo da figueira da rua Faro, a carga excessiva depositada sobre o solo que reserva toda a sorte de materiais e equipamentos indispensáveis à vida cotidiana, como redes de serviço, acaba por aumentar as chances de conflitos neste espaço. O resultado desses conflitos pode acarretar custo para a cidade.


terça-feira, 2 de setembro de 2014

O crescimento ordenado da cidade e sua interação com a natureza urbana.

A cidade continua crescendo, consequência de um incremento da renda da população e dos programas de aceleração de crescimento do governo como os de incentivo a compra da casa própria. A demanda por área aumenta e com ela a supressão de áreas verdes. O cinza que se levanta, em tempos em que se discute sustentabilidade, precisa de outras cores para crescer. Cada vez mais incorporadoras e construtoras têm investido em bairros planejados onde áreas verdes são criadas para o resgate da natureza perdida. Núcleos arborizados, conectando remanescentes de floresta preservada com jardins criados, são cada vez mais utilizados como tópicos especiais para a apresentação e a venda, o que termina por agregar valor ao novo empreendimento. 
Junto com o crescimento da cidade cresce o número de empresas que identificaram um filão de mercado: Paisagismo. Criar jardins nunca foi tão difundido. Quantidade e qualidade nem sempre andam no mesmo sentido, por isso cabe avaliar a contratação da prestadora de serviços a partir de um levantamento considerando sua fundação, os profissionais e responsáveis envolvidos e, quando houver, o histórico da prestação de serviços daquela natureza. Plantar não é só cavar um buraco e por uma planta nele! Plantar não traz apenas o beneficio visual imediato, da combinação de cores com o restante da paisagem. Plantar traz inúmeros benefícios, mas pode provocar, em mesmo ou maior peso, consequências desastrosas que concorrem para o que chamamos de conflitos urbanos no primeiro parágrafo. Então, fica a dica: pesquisem antes de contratar um jardim. A natureza agradece.