CONFLITOS URBANOS
Quando lemos a expressão "CONFLITOS URBANOS" não é raro pensarmos na violência provocada pelas manifestações nos grandes centros das eras atuais; ainda, é comum associarmos à ausência do estado na segurança pública, que culmina com a violência desenfreada que acomete a população das cidades país afora. Sim, todos os exemplos formam condição de conflito. Quer por reivindicações; Quer pela relação vitima e vitimado. Mas existem outros conflitos que causam redução da qualidade de vida e não tomam o espaço ou a proporção que deveriam na opinião da população. Será sobre alguns que este texto irá tratar.
Um momento mais oportuno para este texto não há! Sobretudo na cidade do Rio de Janeiro, onde canteiros de obra fazem parte da paisagem urbana há tempos. Tapumes dividem espaço com maquinas e homens por toda a cidade, configurando um primeiro conflito: redução do espaço de circulação. Embora se conceitue que algumas mudanças requerem ações que podem gerar transtorno pontual necessário para o desenvolvimento, basta questionar a população usuária daquela parte que a insatisfação é logo identificada. Às vésperas das olimpíadas na cidade "maravilhosa" é cada vez mais frequente colher depoimentos desta natureza. Tudo em nome do progresso!
Mas, existem outros conflitos que ocorrem na cidade que contribuem para a diminuição da qualidade de vida do cidadão. Quem nunca precisou se esquivar de um obstáculo enquanto caminhava por uma ciclofaixa? Quem nunca precisou pular obstáculos nas calçadas? Pior, quem nunca precisou dividir espaço com os carros para passar de um ponto a outro na cidade, pelo simples fato de uma árvore ocupar todo o passeio? Quem nunca acompanhou a deterioração de um veículo abandonado sobre a calçada de algumas ruas em sua cidade? Enfim, seriam inúmeros os exemplos se quiséssemos listá-los. O texto, então, abordará um que a população corriqueiramente esbarra nos seus caminhos: as árvores nas calçadas.
Plantar árvores nas calçadas é uma medida benéfica para o meio ambiente urbano! Elas aproximam o homem da natureza atraindo animais importantes para o equilíbrio ambiental e valorizando o espaço em seu entorno. O embelezamento da cena urbana é claro quando folhas exuberantes e flores coloridas cortam o cinza cru da maioria das construções. A amenização climática pela atenuação das temperaturas e redução da poluição atmosférica são contribuições diretas destes vegetais, mas a valorização imobiliária também já é percebida nas negociações de imóveis. De forma resumida, os benefícios pelo plantio de árvores nas calçadas das cidades são reais e escalares. Isso desde que devidamente plantadas nos locais adequados. E, local adequado aqui não é apenas o que possui espaço suficiente. É também o que permite pleno desenvolvimento das raízes; pleno desenvolvimento e projeção da copa; e, crescimento de tronco adequado. Precisa-se pensar que as árvores, seres vivos, possuem uma dinâmica de desenvolvimento em seu DNA, mas que pode ser adaptada às condições externas. Se essas forem adversas, a consequência é inesperada. É por isso que é comum o cidadão se deparar com calçadas tomadas por raízes que se levantam, rompendo pisos e levantando toda a sorte de materiais. Por isso, ainda, é comum o conflito entre galhos e redes de serviços elétricos e telefonia. Aqui cabe um parênteses: os custos de manutenção provocados por interrupção da transmissão de energia por incidentes com árvores é incalculável. Já há estudo que prova que a redes subterrâneas são mais eficientes e de manutenção mais barata, além de reduzir a condição de conflito com partes aéreas de vegetais. Enterrar só será solução definitiva se feita com critério, mapeando e considerando a ocupação do espaço por outros equipamentos urbanos e, ainda, pelas raízes dos vegetais na cidade. O GEOCONVIAS é um instrumento importante na gestão deste espaço!
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Ficus sp. da Rua Faro, Rio de Janeiro. Fonte: google earth. | |
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A figueira da rua Faro, no bairro nobre do Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro, é um exemplo emblemático. Trata-se da primeira árvore a ser tombada por decreto pela município, reação às manifestações de ativistas moradores daquela região contra a sua derrubada para a construção de um prédio. O ato foi acatado pelo prefeito da época, Sr. Julio Coutinho, que decretou seu tombamento pelo instrumento de número 2.783/1980. Viçosa e longeva, a árvore exótica para a região é um exemplo claro de ocupação indevida da faixa pedonal. Suas raízes adventícias se lançaram dos galhos até o solo e fixaram novos indivíduos, avolumando seu tronco e tomando todo o espaço da calçada.
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Cova para plantio aberta em calçada. Fonte: arquivo pessoal. |
Não se deve ignorar o que há por baixo das árvores. Ainda usando o exemplo da figueira da rua Faro, a carga excessiva depositada sobre o solo que reserva toda a sorte de materiais e equipamentos indispensáveis à vida cotidiana, como redes de serviço, acaba por aumentar as chances de conflitos neste espaço. O resultado desses conflitos pode acarretar custo para a cidade.